Ex-secretário Nacional visita a UFG para falar sobre mobilidade urbana
A palestra ocorreu na Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) e focou na dificuldade das metrópoles brasileiras de comportar o crescimento desordenado do número de automóveis que, aliado às imprudências, provoca congestionamentos e acidentes de trânsito.
Por Heloísa Sousa Carvalho
Foto: Luiz Phillipe
Ex-secretário nacional, Grafite, fala sobre mobilidade urbana na UFG.
Na última quinta-feira, dia 3, o ex-secretário Nacional da Mobilidade Urbana, José Carlos Xavier, conhecido como Grafite, visitou a Universidade Federal de Goiás (UFG) para palestrar sobre os desafios da mobilidade nas cidades e sobre as formas de locomoção alternativas. A palestra ocorreu na Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) e focou na dificuldade das metrópoles brasileiras de comportar o crescimento desordenado do número de automóveis que, aliado às imprudências, provoca congestionamentos e acidentes de trânsito.
Grafite, que já foi presidente da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo de Goiânia (CMTC) e se formou em engenharia pela UFG, criticou o pensamento individualista e competitivo quando o assunto é mobilidade nas cidades. Ele propôs que o poder público repense medidas para atrair a população para os transportes coletivos e, assim, possa aliviar o fluxo de automóveis nos grandes centros urbanos. “A pressão do individualismo é natural, mas é insustentável para a cidade”, afirmou.
A lenda das ciclovias na UFG
A importância do projeto das ciclovias que ligariam os Campus I e II da UFG também foi comentada por Grafite, que as relacionou com a necessidade do uso de transportes ativos. “A bicicleta proporciona uma vivência mais rica, mais intensa. Altera a visão das pessoas sobre a cidade. Proporcionará maior interação dentro do Campus”, comentou o engenheiro. A Agência Moara consultou os órgãos competentes: Pró-Reitoria de Administração e Finanças (PROAD) e a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) e, até o fechamento dessa matéria, não obteve resposta a respeito do andamento do projeto cicloviário na UFG.
O assunto é de interesse principalmente dos alunos da universidade, que utilizam esse meio de transporte para chegar até a faculdade. Eles sentem na pele as dificuldades de locomoção geradas pela falta de estrutura para lidar com o ciclista. “O caminho é barra por não ter ciclovias, é perigoso ter que andar pela rua ou pela calçada”, disse o estudante de Jornalismo, Gabriel Felipe de Souza. “O ciclista não tem espaço pra se locomover”, conta outra aluna que pensa em aderir à bicicleta. “É difícil por conta do fluxo de carros, falta uma ciclovia”, completa Thayná Guimarães.
Dados oficiais apontam que Goiânia conta com cerca de 100 quilômetros de rotas cicláveis e seus usuários competem com mais de 1 milhão de veículos registrados na Capital. As ciclovias sofrem com faltas de manutenção e falhas na sinalização, o que acarreta inúmeros acidentes, como foi o caso do cineasta João Henrique de Almeida Pacheco, que faleceu em setembro do ano passado em decorrência de um acidente enquanto pedalava em uma ciclovia na Avenida Universitária.
João Henrique, antigo estudante da FIC, foi vítima do descaso com que as ciclovias são tratadas. Segundo a delegada Nilda Andrade, o acidente que ocorreu na noite do dia 24 de julho foi resultado de um conjunto de fatores. As investigações apontam que João Henrique se desequilibrou e caiu por conta de um buraco, enquanto tentava desviar de um motociclista que furou o sinal. O cineasta sofreu um traumatismo crânio encefálico após a queda e, apesar de ter passado por duas cirurgias, morreu dois meses depois.
Foto: Gabriel Barreto
O projeto de ciclovia que ligaria Campus I e II permanece "esquecido" pelos órgãos competentes
Enquanto o bicicletário existe apenas no papel, alunos e funcionários que utilizam desse meio de transporte se arranjam como podem.
À espera do bicicletário
O tema sobre as ciclovias levanta ainda a questão do projeto do bicicletário proposto pelos discentes do curso de Jornalismo, Luiz Felipe de Araújo Barbosa e Igor Winícios Rodrigues Barreto e pela professora Lisbeth Oliveira. Criado por meio de uma ação de extensão de sustentabilidade, a iniciativa visa atender o público e incentivar a prática de pedalar. “Não ter bicicletário próprio é bem ruim pra quem anda de bike porque, a cada dia, temos que coloca-las em um lugar diferente, sem segurança nenhuma”, diz Gabriel Felipe. Procurada, a diretoria da FIC informou que tem interesse e já está trabalhando na execução do projeto “Estou fazendo as discussões com os diretores das unidades vizinhas para uma ação conjunta, buscando recursos para um projeto mais amplo”, disse a professora Angelita Pereira de Lima.