Sem postos de saúde, população recorre à Faculdade de Odontologia
Com fracasso do Brasil Sorridente em Goiânia, projeto de Extensão é opção de tratamento odontológico
Por Júlia Sarmento Fontes
Hoje, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), todos os postos de saúde em Goiânia deveriam oferecer serviços públicos de saúde odontológica pelo programa do Governo Federal Brasil Sorridente, mas essa não é a realidade. Em dezembro de 2017, foi instaurado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) um inquérito civil para apurar denúncias das paralisações dos serviços odontológicos públicos que vêm ocorrendo devido à falta de materiais básicos.
Ainda sem prazo para normalizar os atendimentos, a paralisação é uma realidade. Enquanto isso, mesmo com filas, a população pode contar com os serviços do Centro Goiano de Doenças da Boca (CGDB). Fundado em 1997, o CGDB é um projeto de extensão da Faculdade de Odontologia (FO) da Universidade Federal de Goiás (UFG) e é referência de atenção secundária do Sistema Único de Saúde (SUS). Lá, os alunos de Odontologia atendem com supervisão profissional - com o fim assistencial, de ensino e pesquisa - pacientes tanto do sistema de saúde particular, por um valor de cem reais, quanto do público por encaminhamento.
Segundo o coordenador do CGDB, Elismauro Mendonça, a maioria do público é proveniente do SUS. “90% do nosso atendimento é via SUS, pacientes que são referenciados pela rede básica de saúde tanto do município quanto do estado”, ponderou o coordenador. Ocorrem cerca de cem consultas semanais. O Centro funciona de segunda à sexta no período matutino. Nas terças e quintas, há consultas à tarde. Já o período noturno conta com atividades de atendimento nos dias de quarta e sexta-feira. Para marcar sua consulta basta ligar para o número (62) 32096067 e realizar seu agendamento, quando for SUS é necessário encaminhamento da Unidade de Saúde.
Foto: Mikhaelle Cândido
Coordenador do CGDB explica o funcionamento
Educação e o CGDB
Como ressaltou Claudia Silva, técnica de saúde bucal e secretária laboratorial do CGDB, “o curso de extensão auxilia no aprendizado dos alunos do segundo ao quinto período, além dos que estão realizando pós-graduação, mestrado e doutorado. Ele complementa o aprendizado de assuntos que muitas vezes não são tratados em sala de aula”, ponderou. Desde que o projeto iniciou, além de ser mais um serviço disponível para a população, a nota da FO no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) também aumentou, atingindo nota máxima (5).
Para participar do projeto de extensão como discente de graduação é necessário estar cursando do segundo ao quinto período de Odontologia na UFG. Segundo o coordenador do projeto, “não há como dissociar o aluno de graduação da UFG do CGDB”. Para os estudantes, o CGDB é de fundamental importância, ponderou Eleazar Mezaiko, estagiário. “Irá acrescentar no meu currículo e formação profissional”. Já para a pós-graduação, mestrado e doutorado em Clínica Odontológica, há um processo seletivo anual que ocorre por meio de abertura de edital. Segundo a doutoranda Fernanda Barbosa, “existe um processo seletivo público, como um concurso público, e qualquer estudante desde que tenha formação em odontologia independentemente de onde a pessoa se formou, pode se inscrever e concorrer para o mestrado e doutorado. É dessa forma que os discentes que atuam no CGDB são selecionados para aprender e atuar.”
Administração é problema
Enquanto a Secretaria de Saúde recebeu mais de R$ 2,1 milhões no ano de 2017 e, mesmo assim, não há materiais para realizar atendimentos, o CGDB depende de projetos de pesquisas e agências de fomento. Os recursos federais recebidos pelo Centro são tão escassos que, segundo Elismauro, "se fossem depender exclusivamente desses recursos o CGDB não seria possível”. Diferente da realidade dos postos do município.
O inquérito que ocorreu para apurar não só o que ocorreu com os recursos recebidos pela Secretaria de Saúde - que seriam o suficiente para a compra dos materiais – mas também as denúncias das paralisações dos serviços odontológicos públicos teve uma resposta nesta segunda feira, 14/05. Por meio do Relatório final da CEI da Saúde, a Secretária de Saúde além de ser indiciada em pedido de lesão corporal após suspensão de atendimento odontológico na capital, também é apontada por improbidade administrativa e pagamento irregular. A compra de materiais e contratação de mais profissionais qualificados para a administração está ocorrendo, como consta no Jornal Opção. Para a coordenadora do SMS, Maria Inêz, “Não é por falta de dinheiro que não há atendimento nos postos, existe o dinheiro para isso, o problema é a má gestão”.
Marcação de consultas no CGDB pelo número:
(62) 32096067
As consultas ocorrem:
08 às 12hrs: segunda à sexta
13hrs às 17h: terças e quintas
18h ás 22h: quarta e sexta