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Espetáculo “Não posso esqu cer” alia luta feminina e natureza

O Centro Cultural da UFG, localizado na Praça Universitária, recebe o espetáculo que trás diversas interpretações sobre a junção de feminilidade e natureza.

Por Nathália Alves

Foto: Matheus Moreira

O início da apresentação.

  A atriz Maria Ângela de Ambrosis realiza a encenação da segunda temporada de apresentações da produção intitulada “Não posso esqu cer”, peça que trabalha a feminilidade e a natureza sob a ótica da resistência e da força diante dos obstáculos da vida. O espetáculo está em sua segunda temporada, e é financiado pelo Fundo de Arte e Cultura de Goiás.

  Olhares compenetrados de uma plateia atenta a cada lento movimento realizado pela atriz, uma forte luz a iluminar uma pequena área situada à frente do Centro Cultural da UFG, sons que ajudam o público a criar em sua mente a visualização de um cenário naturalístico e uma enorme gameleira ao fundo, com seu tronco grosso e copa densa, são alguns dos elementos que compõem todo o cenário em que a atriz executa sua encenação.

  Segundo a diretora artística do espetáculo, Valéria Braga, a escolha da árvore em questão para trazer à tona o sentimento de resistência perante as adversidades se deu depois de se depararem com uma gameleira que havia sido destruída por um incêndio, mas que se regenerou e continuou a vigorar como um ser firme e forte. A ligação entre natureza e feminilidade se dá na medida em que se percebe que tanto a primeira quanto a segunda possuem alto poder de regeneração, capacidade de resistência e de adaptação a mudanças que ocorrem durante a vida.

  Maria Ângela afirma que a peça também possui o intuito de trazer à tona o reconhecimento acerca de o quanto o feminino e a natureza são elementos subjugados ainda nos dias atuais. Perante tal questão, é construída toda uma movimentação corporal que intriga bastante o público, prendendo sua atenção uma vez que o caminho para o entendimento do enredo não se dá por falas como ocorre convencionalmente, mas sim por meio dos movimentos corporais realizados pela atriz. Movimentos esses que se alternam entre mais lentos e mais rápidos, contidos e incontidos, assemelhando-se muitas vezes a uma dança. Toda essa construção sugere ao público as mudanças que ocorrem de modo mais devagar ou mais veloz, mas sempre permanentemente no corpo e também no intelecto da personagem. Segundo a estudante Catarina Alves Vilela, o espetáculo passou-lhe muita verdade, causando-lhe até mesmo certa angústia perante algumas cenas.

 

  O cenário que ainda é composto por elementos intrigantes como bacias de plástico e alumínio, sob as quais escorre um fino fio de água advindo da copa da gameleira, gera especulações e complementa todo o trabalho de movimentação corporal desenvolvido pela atriz. Maria Ângela comenta: “A peça não intenta passar uma verdade única a todos os que a veem, mas sim tocar as pessoas de acordo com as experiências de cada um”. Após a encenação, a intérprete se abre a um debate com todo o público, o qual a interroga sempre com muita curiosidade sobre o que levou a atriz e também professora da Escola de Música e Artes Cênicas da UFG (EMAC), a compor o espetáculo de um modo tão intenso.

Foto: Matheus Moreira

A atriz valendo-se de bacias na composição do espetáculo. 

  O público demonstra interpretar de modos bastante variados toda a composição teatral que lhes é apresentada, passando por conclusões que vão de retratações acerca do que um relacionamento abusivo pode causar a uma pessoa até a amostragem da arte realizada sem o fim de possuir um único objetivo a ser transmitido para o público.

  Haverão ainda apresentações durante todo o mês de junho, sendo 08, 09,10,15,16 e 17 de junho na EMAC, atrás do Museu Antropológico, na Praça Universitária, seguindo para Parque das Rosas, Setor Oeste, nos dias 22, 23 e 24 de junho e, finalizando esta temporada, na Praça Boaventura, Setor Vila Nova nos dias 30 de junho e 01 de julho. No mês de junho as apresentações serão às 19:00.

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