top of page

Coletiva Feminista da FIC retorna para combater o assédio

Após recentes denúncias de violência contra estudantes, elas se mobilizam para recriar um espaço de discussões, união e, principalmente, acolhimento

Por Júlia Barbosa

Foto: Lavínya Santos

No ensaio fotográfico 'ForçA se escreve com A', alunas da FIC buscam reafirmar a presença feminina na Universidade

 A primeira reunião – realizada para a organização da nova Coletiva Feminista da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) – ocorreu no dia 11 de junho, entre estudantes do curso de Jornalismo da Universidade. “Percebemos a necessidade de um espaço onde as mulheres se sintam confortáveis e capazes de falar sobre a violência que vivemos todos os dias”, afirmou a estudante de Jornalismo e integrante da Coletiva, Bárbara Ferreira. A criação do grupo – que ainda não possui nome definido – foi pensada após denúncias contra assédio que partiram de discentes da faculdade.

A Importância do Debate

 Segundo a coordenadora e professora do curso de Jornalismo, Rosana Borges, as perspectivas feministas têm um papel de extrema importância na vida de todas as mulheres. Necessita-se, nas universidades, de um espaço de debate sobre questões do universo da mulher e suas particularidades. “Percebem-se as diferenças entre ser homem ou mulher no mundo, muito vezes, tardiamente. Muitas mulheres sequer percebem que sofrem assédio, violência psicológica ou que estão em um relacionamento abusivo”, explicou a docente.

 Segundo a pesquisa “Diagnóstico da Opressão”, do projeto Via Lilás, de 11.066 entrevistados que afirmaram ter sofrido algum tipo de violência, 95% eram mulheres, o que contabiliza 10.512 vítimas. Porém, cerca de 71% dessas mulheres não denunciaram seus agressores, equivalente à 7.464 agressões sem denúncias.

 A professora acredita que, com a criação de coletivos – como a Coletiva Nonô Noleto – as mulheres se fortalecem e se empoderam. A partir dessa união é possível pensar, coletivamente, formas de combater o assédio e a violência de gênero, seja na vida pessoal, profissional, ou até mesmo na vida estudantil.

Foto Lavínya Santos

A partir do segundo semestre de 2018, a Coletiva dará início a rodas de conversa abertas, que serão realizadas quinzenalmente

Inspirações

  A Coletiva Nonô Noleto foi fundada em 2015, por iniciativa de estudantes de Jornalismo da FIC. Inspirada por coletivas de outras universidades, – como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – hoje é inspiração para as novas feministas, mesmo que não esteja ativa atualmente. Elisama Ximenes, jornalista e integrante do antigo grupo, explica a importância de se discutir o feminismo no ambiente universitário. “A mulher, ainda hoje, tem um local de fala muito inferior. É importante que discutamos essas questões na universidade porque ela é, historicamente, um palco de transformações. É um espaço que permite mudanças e, por isso, é preciso aproveitá-lo”, afirmou a jornalista.

A Pluralidade da Palavra 

 A antropóloga e professora da FIC, Luciene Dias, atenta-se à necessidade de tornar a categoria ‘feminismo’ um conceito mais amplo, em uma tentativa de “pluralizar as vozes presentes no movimento”. Ela explica que os feminismos, hoje, buscam oferecer respostas às demandas da vida das mulheres, e que, para isso, deve-se contemplar a diversidade de corpos que este movimento abrange. “Os feminismos são uma forma de pensar o mundo, e essa forma deve partir de um pensamento plural e da necessária atualização dos movimentos, pois os problemas se atualizam”, elucidou a pesquisadora.

 “Vivemos em estado laico de direito, porque o princípio é masculino. O que se busca é a construção de uma comunidade coletiva, existente pelo que ela é no cotidiano”. Para Luciene, existe um modelo de poder – laico, eurocêntrico, distante e objetivo – e, por isso, é necessária uma procura incessante por um contraponto desse modelo, para que haja um espaço acadêmico em que as pessoas possam atuar apenas pelo que elas realmente são.

Foto Lavínya Santos

A sororidade é o reconhecimento entre mulheres como "irmãs". É um princípio presente no feminismo que vem para unir as mulheres em suas lutas

Expectativas

 Heloísa Souza, integrante da nova Coletiva, acredita que a iniciativa de levar essa discussão às mulheres é importante e necessária. Para ela, a representatividade é o fator essencial para gerar interesse e entendimento sobre o feminismo. “Ao ter como objetivo acolher todas as mulheres, em todas as suas especificidades, elas passarão a entender que ali há espaço para todas elas”, declarou a estudante.

bottom of page