
Mireille Bueno
Pit-dog é o lanche de rua mais querido de Goiânia

Na era da velocidade, das conversas e lanches rápidos, Goiânia possui uma modalidade que rompe com isso e que leva um pouco mais de tempo. Além da tradição das lanchonetes de rua, como trailers ou barracas, elas ganham um nome típico da cidade: pit-dogs.
Com quase trinta bairros a Região Norte conta com algumas centenas dos mil e seiscentos pit-dogs espalhados pela cidade. Segundo estatísticas do IBGE, Goiânia possui um milhão e trezentos mil habitantes, isso conta que para cada 800 habitantes existe uma lanchonete.
Com 121 bairros, a Região conta com centenas de comércios do tipo, que vão do famoso “sujão” de rua até lanchonetes gourmets. O que atrai o goiano, e todas os outros que vem de fora, é ter a variedade pra escolher onde e o que vai comer. São muitas opções de carnes, saladas e ingredientes no geral, até mesmo o lanche Quaresma, que é a escolha vegetariana em alguns lugares. São ambientes movimentados e alguns ficam abertos até sete horas da manhã, virando a madrugada atendendo aos festeiros que precisam de algo forte para aguentar a ressaca do outro dia.

Chapa de bacon em ação no Brutus/ Foto: Mireille Bueno
Queijo nerotizando no sandubão X-burguer/ Foto: Mireille Bueno
Os xodós
Alguns são eleitos os preferidos. No Goiânia 2, bairro próximo à Avenida Perimetral Norte e filial da Unilever, estão alguns dos melhores. Para o estudante de jornalismo da Universidade Federal de Goiás, Heitor Vilela, o Number One, logo acima da Perimetral. ganha por ter a batata frita mais crocante. O estudante da Faculdade de Letras, também da UFG, Matheus Filipe, prefere o Brutus, concorrente da frente do outro, pelo bacon brutal. A jornalista e moradora do Jardim Pompeia Jessika Morais gosta da opção saudável do Vita Gyn, que tem uma estrutura maior e opção de lavabo.
Brutus, onde os enormes sanduíches provam o nome do lugar, é um quiosque pequeno com poucas mesas e cadeiras, mas muitos clientes fiéis. Comandado há mais de duas décadas pelo casal Madalena, 54 anos, e Valter, 55, serve em torno de cem sanduíches em dias úteis e o número dobra aos fins de semana.
Os frequentadores não moram apenas na região, vai cliente até de Nerópolis para provar dos quitutes. Os lanches são baratos e famosos por possuírem pedaços gigantes de bacon, que fazem a alegria dos fãs da carne.
O nascimento e o sucesso
A origem da tradição é desconhecida, mas o formato de trailer tem origem nos truckfoods, caminhões que vendem comida e tiveram muito espaço e adesão nos Estados Unidos. Os proprietários e moradores mais antigos de Goiânia acreditam que o primeiro pit-dog surgiu em uma corrida de carros na década de 60. Nesse episódio, pessoas de fora da cidade trouxeram algumas barraquinhas de sanduíche e deu certo.
Também, não tinha como dar errado. A obra feita por dois pães crocantes, que encaixam um pedaço suculento de carne, folhas verdes de alface, rodelas de tomate fresco e rubro, fatias de bacon estalando nos dentes e queijo derretendo com cremosidade quase erótica poderia ter sido inventada por um renomado cheff. Poderia sair de uma cozinha equipada com os mais finos instrumentos, mas sai só de uma chapa quente e mãos peritas no que fazem.
As condições de trabalho
Por outro lado, o ofício é cansativo e exige dedicação total. “Tem dias que a gente sai daqui sete horas da manhã e já vai direto pro supermercado comprar as coisas pra fazer de noite”, ela se queixa. Também detesta não ter os fins de semana para poder ir às reuniões de família e festas de aniversário.
É por isso que o ponto que está com a família há 22 anos está à venda.