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Juliana França

Mais mulheres na literatura goiana

Desde outubro de 2015, a escritora Lêda Selma é presidente da Academia Goiana de Letras (AGL). Ela é a segunda mulher a presidir a Academia, a primeira foi Maria Rosária Cassimiro, ex-reitora da UFG, na década de 90. Segundo Lêda, “a participação feminina se consolidou após muita luta para transpor um espaço que sempre pertenceu ao homem”.

 

Hoje ainda há resquícios desse preconceito, porém aos poucos as mulheres estão conquistando espaço nas academias. ”Por termos, ao longo dos anos, ocupado pouco espaço na AGL, é claro que a elevação de uma mulher à presidência da Casa impulsiona sua vontade de trabalhar, de inovar, de mostrar que é capaz de deixar sua marca positiva e criativa”, afirma a escritora.

 

A participação das mulheres é de fundamental importância para a produção literária de qualquer lugar, inclusive em Goiás. De acordo com a professora Luciana Borges, se as mulheres transitam da posição de leitoras e personagens para a posição de escritoras e críticas da produção literária, a chance de se ter uma produção e representação feminina mais equilibrada aumentam muito.

 

Barreiras

 

Segundo Luciana Borges, a maior barreira enfrentada pelas mulheres é a desconfiança histórica em relação à capacidade das mulheres em se dedicar a atividades intelectuais e de criação artística. Atualmente, “a ocupação feminina de espaços no campo literário tem crescido consideravelmente, de modo que podemos encontrar um grande número de escritoras produzindo” afirma a professora.

 

 

No início, as mulheres usavam pseudônimos masculinos para publicarem seus textos em jornais da época. Duas escritoras foram pioneiras em Goiás, Honorata Minelvina Carneiro de Mendonça publicou seu livro A Redenção no ano de 1875, enquanto Leodegária Brazília de Jesus publicou seu livro de poemas Coroas de Lírios em 1906, aos 17 anos.

 

Enfrentando as mesmas dificuldades, as escritoras Nelly Alves de Almeida, Rosarita Fleury e Ana Braga Gontijo buscavam lugar na literatura. Como não eram aceitas na AGL, as três escritoras fundaram a Academia Feminina de Leras e Artes de Goiás (AFLAG) em 1969, com o objetivo de defender e incentivar a literatura, a música e as artes goianas.

 

Academia

 

Fundada em 1939, a Academia Goiana de Letras só passou a admitir mulheres em 1973. Atualmente, na AGL, são 34 homens e apenas 6 mulheres, e uma presidente mulher é de extrema importância para a mudança desse cenário. “É uma forma de crescimento, de aprimoramento, de troca de ideias e de energia, além de consolidação da igualdade de direitos”, afirma Lêda.

 

O estado de Goiás tem muitas escritoras representativas. No entanto, a professora Luciana Borges afirma que a ocupação dessas mulheres em espaços tradicionais, como a AGL, ainda é muito pequena quando comparada aos representantes masculinos. Essa constatação indica que apesar da existência de muitas escritoras, o processo de reconhecimento dessa escrita ainda é lento.

 

A mais conhecida escritora goiana é a poeta Cora Coralina que, aos escrever numa época em que poucas mulheres escreviam, foi um marco na literatura de Goiás. Entretanto, muitos nomes femininos podem ser citados para representar tanto a poesia quanto a prosa goiana, como Leodegária de Jesus, Dercy Denófrio, Yêda Schmaltz, Rosarita Fleury, Marietta Telles Machado e Nelly Alves de Almeida.

Foto: //Reprodução

A presidente da Casa afirma que cresce o número de mulheres na Academia Goiana de Letras

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