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Bicicletas fora de rota

Meio dia, horário de pico na capital goiana. Buscar criança na escola, levar criança para escola, encontrar um restaurante vazio, apenas uma hora de almoço. Cinco minutos já se passaram e o carro continua parado no mesmo lugar da Avenida 85, o som está ligado, mas nada é maior do que o barulho das buzinas. Mais de um milhão de veículos registrados. Debaixo do sol e envoltas ao clima seco, as pessoas no ônibus já não conseguem respirar ar puro. Fumaça, suor, abafamento, aglomeração, muita fumaça.

A rotina do motorista goianiense tem sido perder horas em congestionamentos que antes eram uma realidade distante. Goiânia possui 1,2 habitantes por automóvel. As ruas e avenidas superlotadas dividem espaço com ciclovias vazias.

Foto: //Reprodução

Como, em Goiânia, a construção de ciclovias poderia ser a solução para o tráfego congestionado e, no entanto, ainda não cumpre as necessidades dos ciclistas.

Guinada

           

O projeto de estruturação de trechos cicloviários na capital visa oferecer opção de trânsito sustentável e seguro por meio do uso da bicicleta. Porém, somente em 2011, após quatro anos de lentidão em que a prefeitura nada fez, houve a inauguração da primeira ciclovia de Goiânia.

Além de apresentar diversas sugestões de projetos cicloviários na Câmara Municipal de Goiânia, o grupo realizou ações ativistas por meio de redes sociais como o Twitter, com as hashtags #MultiraoDaCiclovia e #EuQueroCiclovias. “O Pedal Goiano também foi convidado para participar de reuniões em órgãos públicos e grandes manifestações, como o Dia Mundial Sem Carro”, diz Eduardo Silva, o representante do grupo.

Quilômetros depois

 

Em setembro desse ano a prefeitura atingiu a marca dos 78 quilômetros de malhas cicloviárias, mas o clima de incertezas não atrai novos ciclistas. O que se nota são ciclovias com pouco ou quase nenhum movimento. Para o estudante Igor Barreto, 22 anos, isso pode ser fruto da falta de interligação entre as ciclovias dos bairros centrais e periféricos. Igor usa a bicicleta como meio de transporte e relata que passa pela Avenida T-63, onde se encontra o maior trecho de ciclovia em Goiânia, mas diz que não a usa por conta da falta de interligação com seu bairro.

Ciclovia: espaço segregado para o fluxo de bicicleta. Isso significa que há uma separação isolando os ciclistas dos demais veículos.

Ciclofaixa: quando há apenas uma faixa pintada no chão, sem separação física de qualquer tipo.

Espaço compartilhado: o tráfego de bicicletas pode ser compartilhado com pedestres. Caracteriza-se por calçamentos entre as pistas, que podem ser compartilhadas por quem anda a pé ou de bike.

Em 2007, a necessidade de mudança ficava evidente, pois o município registrava cerca de 200 carros por dia. No mesmo ano, a Câmara Municipal de Goiânia aprovou a lei complementar n° 169, que estabelece opção do transporte cicloviário em condições de segurança que atenda à demanda de deslocamento urbano. Ficou prevista a implantação de ciclovias, ciclofaixas e faixas-compartilhadas, com a meta inicial de 102 quilômetros.

Após esses anos, apenas três quilômetros haviam sido finalizados. Desde então, os ciclistas goianos intensificaram as cobranças para a construção dos 102 Km previstos. Em 2010, o grupo Pedal Goiano se formou e começou a se mobilizar em busca de um trânsito adequado aos ciclistas.

Principais trechos cicloviários em Goiânia

Av. t-63 – Pça. Wilson Sales até Pça.Terminal Isidória- 2,6 Km

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Av. Circular – 1,4 Km

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Parque Flamboyant – 1,9 Km

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Parque Linear Macambira – 7 Km

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Ciclovia Irisville – 1,2 Km

Uma das determinações da lei da ciclovia é quanto aos programas educativos para que a população possa se integrar a esse modelo de transporte. “Além da infraestrutura, é importante a continuidade de programas públicos e a criação de outros, visando o incentivo da pedalada.”, afirma Eduardo. Atualmente, o único programa que cumpre com esse propósito é o Quem Manda Bem Vai de Bike, um passeio ciclístico anual promovido pelo Detran. O governo também anunciou um projeto com 

Foto: //Reprodução

Marcela Figueiredo

Luiz Phillipe

30 pontos de empréstimos de bicicleta espalhados pela cidade. Porém, não há outras iniciativas públicas para atrair a população para um maior uso de bicicletas. 

A insegurança no trânsito é outro problema enfrentado pelos pedais. O artigo segundo da lei nº169 afirma que bicicletas possuem preferência ao transitar em meio a veículos particulares, mas o estudante Igor Barreto garante que na prática a convivência não é essa. Ele afirma que os motoristas não respeitam os espaços cicloviários, muitas vezes forçando-os a andarem em calçadas. O estudante também cita a segurança pública: “assaltos ocorrem a toda hora”.

Em meios aos pontos positivos e negativos, as ciclovias da capital começam a apresentar sinais de deterioração, buracos e faixas apagadas.

Foto: //Reprodução

Foto: //Reprodução

A Prefeitura de Goiânia e a Secretaria Municipal de Trânsito (SMT) foram procuradas pela reportagem da Agência Moara. O intuito era buscar uma resposta sobre a manutenção das ciclovias. Entretanto, até o fechamento desta matéria, no dia 23 de setembro de 2016, não houve retorno dos órgãos municipais em questão. 

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