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UFG pesquisa as capacidades do bambu

Da produção de conservas ao uso na construção civil, o bambu possui uma grande versatilidade e viabilidade de produção. Muitos o consideram a ‘’planta do futuro’’

Por João Pedro Felix

Foto: Fabrício Vera

Mudas de diferentes espécies de bambu em estufa na Escola de Agronomia. Desde o início da Rede Bambu, a escola vem cultivando e distribuindo brotos pelo estado

 Um projeto de lei que visa o incentivo do plantio do bambu em Goiás para exploração comercial foi aprovado no inicio do mês de maio. De autoria do deputado estadual Francisco Jr. (PSD), a proposta considera que a planta pode ser aproveitada em até  100% de suas potencialidades. O bambu está sendo pesquisado desde 2014 na Universidade Federal de Goiás (UFG) em parceria com a Rede Bambu Goiás. A pesquisa busca expandir o cultivo e manuseio no estado, podendo transformar esse tipo de produção em um grande mercado.

 

O professor Rogério de Almeida, da Escola de Agronomia, coordenador da pesquisa de desenvolvimento da cultura do bambu no estado de Goiás, diz: ‘’O bambu é 100% aproveitado. É possível consumir o broto do bambu, o tronco, que pode ser usado para artesanato, construções, carvão, dentre outras coisas. As folhas podem ser usadas para alimentar gado e, se elas caírem no chão, acabam nutrindo o solo de qualquer jeito’’ 

 

Com o tratamento da planta, o uso na construção civil possui grandes possibilidades devido à alta resistência à abrasão e ao desgaste. Para a produção de carvão, conforme explica o professor Rogério Almeida, o bambu é benéfico devido ao seu crescimento acelerado. 

 

Rogério Almeida também ressalta que a produção pode ajudar a complementar ou gerar renda para famílias carentes. Dessa maneira, pode-se até evitar o êxodo rural, já que seria possível uma renda na própria área do interior. ‘’Uma família pode estar passando fome com bambus por perto. Existe a possibilidade do consumo próprio do broto, ou da venda em conserva, seguindo todos os procedimentos para um alimento seguro e podendo complementar a renda familiar’’, afirma o professor. 

 

Produção comercial

O plantio de bambu em larga escala deve ser feito de acordo com os parâmetros que estão sendo normatizados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A produção pode ter seu retorno entre o terceiro e quinto ano após a semeadura. O plantio pode ocorrer em terras menos ou mais férteis, contanto que o bambu possua uma irrigação rica pelo menos nos dois primeiros anos, já que, depois desse período, as raízes se tornam mais profundas e pegam água no subsolo. A colheita deve ser feita entre os meses mais secos, maio e agosto, devido à alta sensibilidade da planta ao contato com a umidade. Para colher, devem-se utilizar facão, machado, serra manual de poda ou serra elétrica.

 

 A UFG ofereceu em 2017 o curso para o preparo de brotos e ofereceu um curso prático de produção de bambu para a Escola Família Agrícola (EFA) de Goiás. Caso seja de interesse de algum produtor rural começar sua produção, este deve entrar em contato com a Rede Bambu Goiás ou com o professor Rogerio Almeida da Escola de Agronomia da UFG.

 

A universidade distribuiu 10 mil mudas nos últimos anos para produtores rurais. Os principais polos são Caldas Novas, Caturaí, Araçu, Nerópolis, Itapuranga, Teresópolis, Nazário e também Goiânia. Cada cidade conta com ao menos um produtor com mais de cem mudas de bambu em plantio. O Brasil possui, atualmente, 36 gêneros e 254 espécies nativas distribuídas entre a Mata Atlântica (62%), Amazônia (28%) e Cerrado (10%).

Broto de bambu em conserva temperado. Produzido em Caldas Novas.

Foto: Fabrício Vera

Acervo referencial  

 

Segundo Gilson Pedro Borges, editor assistente da Revista Pesquisa Agropecuária Tropical, o acervo bibliográfico especializado em bambu da UFG, que conta hoje com 128 livros e filmes/documentários sobre o tema, pode ser um dos maiores acervos do país. Ele ainda completa: ‘’A potencialidade dessa planta é enorme. Isso é muito estudado ainda, mas ela possui muito mais utilidades e possibilidades do que, por exemplo, o eucalipto. O bambu também é a planta que mais absorve gás carbônico e possui um rápido grau de crescimento e produção. ’’  

 

Nutrição e alimentação  

A doutora em Agronomia pela UFG (2007) e professora do curso de Engenharia de Alimentos, Rosângela Vera, completa: ‘’O bambu é uma alternativa rica em fibras e com sabor interessante, na culinária tradicional já existe bastante aceitação, sendo de interesse também para indústria de alimentos, com a possibilidade de industrializar o broto em conversa’’. 

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